segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Another Dose
E as horas já não eram importantes, quando o real motivo do meu despertar era explícito. Era como se algo me conduzisse aos poucos até o meu armário, pegando a primeira roupa encontrada e abandonando os quentes e confortáveis pijamas. Alguma força me puxava mecanicamente para o andar de baixo, e nem o frio e a neve lá fora eram capazes de me deter. Eu precisava daquilo, eu precisava de alguma forma. Meu corpo não obedecia mais aos meus comandos, ele queria apenas uma coisa: Mais uma dose. Não importava se fosse tarde, não importava o frio, o vento gelado em minha pele e os flocos de neve que pousavam delicadamente sobre os meus cabelos, nada era maior do que a vontade incorporada à minha viciante rotina. As luzes pálidas da cidade tocavam o chão, as ruas desertas estavam desertas e cada célula do meu corpo implorava pela mesma coisa: Mais uma dose. Eu não tinha controle sobre mim mesma, apenas seguia através dos vários cruzamentos em busca da minha tão esperada dose. Pude sentir então, a minha desejada substância próxima. Pude sentir a energia fascinando o ambiente e meus olhos procuravam ansiosos pelo objeto que me despertava tamanha necessidade incontrolável. E lá o vi. Parado, no local onde eu imaginava, como se esperasse pela minha chegada. Corri o mais rápido que pude, deixando meus passos e tudo o que eu já tinha dito para trás. Minha respiração acelerava e eu sentia minhas pernas trêmulas devido ao frio, mas eu não ia parar até tê-lo alcançado, eu só precisava de uma coisa: Mais uma dose. Não perdi tempo com palavras, pois já sabia da inutilidade delas em momentos como aqueles. Seus olhos tão noturnos fixaram-se em mim e era como se meu organismo desacelerasse lentamente. Eu estava em seus braços, eu estava viva. Não era um pedido de desculpas, era mais que isso, era uma súplica pelo seu retorno, uma solicitação desenfreada por mais uma dose, e agora, eu a recebia. Todo aquele desespero que pairava em meu corpo como uma descarga elétrica, havia acabado. Nada mais me assustava, nada mais me consumia, apenas o calor do seu corpo e a paisagem tranqüila de uma madrugada de inverno
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