quarta-feira, 15 de junho de 2011

Então ele abaixou-se e com um gesto tímido puxou a grande e velha bolsa. Nos seus olhos, a curiosidade singela de alguém que descobre algo novo, e em sua frente as surpresas de um passado misterioso. Há quem diga que ele sorriu, há quem diga que ele se entristeceu, já eu, penso que ele apenas permaneceu em silêncio, observando com cautela. Entre as cartas, seus olhos fizeram o percurso completo, decodificando cada situação alí registrada. E leu. Leu sobre histórias de um vilão hobbinwoodiano, até então conhecido como malígno e perverso, agora sendo nada além de um poeta apaixonado. Pelos portos, lindas poesias e um amor não correspondido, pelo qual ele lutaria independente de tudo. Já a sua amada, sorridente, apenas observava, como se a vida realmente não passasse de uma brincadeira. Leu sobre os planos de materialização de sonhos, uma escola, um lugar. Presenciou relatos de erotismo e chamas até o momento nunca imaginadas. E então, nas últimas linhas, uma surpresa, um presente. Uma coisinha branca que curiosamente tinha o mesmo nome que o seu. O espanto, o medo e a sinestesia, não cabe a mim julgar. Entretanto, a força e a maturidade, faço questão de relatar. Nada fazia sentido e ao mesmo tempo, tudo poderia finalmente fazer. As questões que martelaram por longos 16 anos em sua mente, finalmente achavam suas respectivas respostas. Ou talvez, aquilo tudo não passasse de uma simples ilusão. E seus olhos permaneceram alí, estáticos, observando cada pedaço velho de papel.

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