sábado, 30 de abril de 2011

Um dia de Chuva


Chove forte. Estamos num sofá bem espaçoso feito especialmente pra gente. Estou deitado entre tuas pernas. Você afaga meus cabelos e com a outra mão segura a minha com firmeza e suavidade. Me sinto protegido em teus braços. A cabana de madeira me acalma, me aconchega, me faz sentir em casa. Um filme bobo é a nossa distração da tarde. Levanto. Vou fazer um chocolate quente para nos aquecer, o que é apenas uma desculpa para te observar. Teu calor é o suficiente para manter acesa em mim a chama da vida. Enquanto misturo os ingredientes, fico te olhando enquanto você distraidamente enrola o cabelo. Um charme, eu sempre dizia. Percebo que nos teus braços é onde pertenço. Esboço um sorriso leve, daqueles que a gente sorri quando está em paz com o mundo e consigo mesmo. Sirvo duas xícaras. Vou buscar o chantili e quando volto só há uma. Você está olhando através da janela com a xícara na mão, soprando. Chego por detrás e te abraço pela cintura. Minha barba roça no teu pescoço e faz cócegas.Você sorri e põe a mão livre sobre os meus braços. A paisagem não poderia ser mais ideal. Uma floresta verde se estende abaixo de nós, num vale infinito. Chove forte. Fico perdido entre o cheiro inebriante de terra molhada, verde e chocolate. Me sinto tão bem quanto possível. Voltando à cozinha, coloco chantili na tua xícara. Passo o dedo e lambo. Passo o dedo e sujo teus lábios. Te beijo calorosamente. Apenas para limpar. De repente as luzes se apagam. Falta luz. Sentamos de frente para a lareira que arde em chamas. Os únicos sons são o crepitar do fogo e a chuva que bate vigorosamente em tudo que está abaixo dela. Nossos olhares estão perdidos um no outro. Escurece mais cedo e única fonte de luz é o fogo. A temperatura cai. Você chega perto de mim. Me abraça. Me beija. E eu tiro a tua roupa. A temperatura sobe e fazemos amor. Estamos deitados no chão. Eu com a cabeça sobre a tua barriga e você acariciando meu cabelo como sempre. Enquanto isso eu fico desenhando com os dedos no teu peito, pescoço, lábios, orelha, bochecha. A luz volta tão de repente quanto se foi. Nos damos conta da situação e do frio que te faz tremer. Colocamos as roupas novamente e eu aperto o play. Novamente estamos no sofá, assistindo um filme bobo. E mais uma vez eu me sinto bem. Sinto que as coisas estão no seu lugar. E mais que tudo, eu sei que esse é o meu lugar.

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