sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ex Louca


Quando eu parei de ser louca percebi que toda a loucura não foi em vão. A gente já não ia bem das pernas tinha muito tempo e não ser louca não ia mudar isso. Minha loucura não teve culpa. A gente desandou antes de eu ficar louca. Minha loucura só constatou o que eu sã não quis entender: a gente acabou. Tem gente por aí que ainda aposta em nós dois. Eu acho que eu apostaria também. Não muito alto, nenhuma grana preta, mas umas migalhas eu investiria. Sabe, só por via das dúvidas. Só pra se acontecer, em um dia do futuro, eu poder falar que já sabia. Porque assim, se um dia a gente der certo, esse dia tá muito distante. Hoje em dia eu que não sou louca de me envolver com esse cara que você virou! Eu sei que ai no fundo tem o meu você, mas minha sanidade jamais me permitiria, agora, provar isso pro mundo.
Outro dia, em uma conversa boba típica de nós dois, eu quase senti que tava falando com o meu você. E a gente tava falando disso mesmo, do meu você. Claro que não foi assim, com esses termos "o meu você/o seu você", mas é assim que eu te chamo. Aquele era meu, ué! Tenho licença artistica e direitos de imagem pra diferenciar assim. O seu você é, com certeza, o cara que eu beijaria de noite. Mas é também o cara pra quem eu mentiria o nome, o telefone e a cidade. O meu você me ganhou, e levou de bandeja minha vida toda, assim que me beijou a primeira vez. O meu tinha sorriso de criança, jeito de criança e fazia piada de qualquer coisa. O seu.... Sei lá, me parece muito sério. Duvido que eu e o seu você nos daríamos bem, duvido que daríamos certo. Eu não sou mais louca. Mas passo tão longe de ser uma pessoa séria. De todo séria. Cada vez que você tem uma semi recaída, vira o meu você e vem me chamar de chata, eu morro de rir. Feito criança mesmo. O seu você deve achar isso absurdo! O seu você deve me achar a maior chave de cadeia do século. Enquanto eu acho que o seu você precisa de mais leveza na vida.
Por favor, por que eu tô falando de leveza? Só porque deixei de ser louca, tô pensando que curei todos meus defeitos. Tadinha de mim. Nunca fui leve e quero te impor leveza. Mas é que vendo daqui de longe o seu você me parece tão tenso e rígido e sério e querendo ser perfeito. Relaxa, sabe? Você é tão amado por quem tá ai em volta. E ninguém vai te amar menos se você errar de vez em quando. As pessoas gostam de quem erra. De quem precisa delas. Eu consigo ver direitinho você sendo o ombro amigo de todo mundo sem nunca se abrir com ninguém. E, não, não adianta! Fazer drama sobre a ex-namorada-piranha-que-te-largou-e-logo-depois-apareceu-com-outro pra uma piriguete qualquer, não é desabafar. Não é abrir o coração. É só usar seus traumas pra se dar bem. Tá vendo? Nossa história teve sim utilidade! Quantas meninas não devem ter morrido de pena de você? O namorado apaixonado que foi trocado. Mas quantas delas sabem, de verdade, o que houve entre a gente? Qual delas sabe que entre desistir de nós dois e namorar outro, eu tentei loucamente fazer você me admirar de novo? Quantas delas sabem que você não fazia questão nenhuma de esconder que eu não era admirada por você, que você não falava mais que me amava, que você passou dois meses sem me ver? E qual delas sabe que isso não foi pelo vestibular? E aposto que nenhumazinha delas ouviu de você que eu te esperei durante meses. Que eu me encolhi no canto e esperei você curtir os amigos novos, as pessoas novas....
Eu nem sei porque falei disso. Porque cutuquei o machucado. Mas é que eu queria poder te dizer isso tudo, eu queria que nossas conversas de hoje em dia não fossem superficiais. Queria poder até ser seu ombro amigo. Quantas vezes você falou que eu era sua melhor amiga! Que de amigo mesmo você só tinha eu. Queria poder exercer isso, sabe? Queria ser presente pra você. Mas eu imagino que a gente ainda não seja adulto suficiente pra isso. Eu não sou e o seu você, mesmo com essa pose de gente grande, também não.
Mas a história da gente foi tão grande, tão bonita, tão de nós dois que eu acredito que um dia a gente vá conseguir ser próximo. Ser alguma coisa um do outro. Coloco pouquissimas fichas de que voltaremos a ser namorados, mas arrisco alto dizendo que, um dia, a gente vai se querer tão bem que nosso passado não vai machucar a ponto de nos afastar. Você só precisa equilibrar o seu você com o meu você. E eu preciso ter certeza de que deixei mesmo de ser louca. Nenhum de nós dois precisa de mais drama.
Durante a minha loucura eu te perdoei por muitas coisas. Coisas que você nem sabe que me fez. Machucados que você nem sabe que me abriu. E te perdoei sem você nem saber que precisava ser perdoado. Mas a minha loucura me fez enxergar que pra deixar de ser louca eu precisava aceitar tudo aquilo. Precisava encarar a realidade, as dores. E depois que eu aceitei... Perdoar doeu mais. Foi um longo caminho tentando entender cada ato, cada desamor seu. Mas ai eu percebi que tentar entender não faria de nada menor. Só era reviver meus pesadelos. Então, em uma noite quietinha e sem ventania, eu te perdoei. E falei pra Deus que você tava perdoado. Eu acho que no dia que o seu você me perdoar por ferir tanto o ego dele, o meu você volta um pouco. Mas quem sou eu pra ensinar alguém? Até outro dia eu era louca....
O importante é que o seu você e eu louca, um dia, precisam ser só passado. Uma hora você precisa ser leve de novo. Um dia você precisa melecar a cara de alguém com brigadeiro outra vez. E, um dia - que não é agora -, esse fato precisa não me enlouquecer de novo.

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